A flexibilização do isolamento social não acabou com a crise econômica. Segundo estudo do Sebrae, obtido com exclusividade pelo Extra, apesar de 84% das pequenas empresas de moda no país terem retomado suas atividades, a recuperação é lenta. O baque no faturamento ainda é de 40% frente aos resultados anteriores à pandemia. E no segmento de moda praia, a queda é ainda maior: 76%.
— É possível perceber que a retomada do setor de moda já acontece. Em abril, a queda no faturamento na moda era de 74%. Mas os dados mostram que o mercado ainda não retomou o nível pré pandemia, e acreditamos que esses números se reduzem, mas não se recuperam em 2020. E é importante destacar quanto os negócios digitais tiveram participação para que essa recuperação ainda que lenta, venham acontecendo de forma gradual — explica Anny Santos, analista de Competitividade do Sebrae.
As perdas mais expressivas, além da moda praia foram nos segmentos de moda sustentável ou agênero (48%) e moda infantil e uniformes/fardamento (46%). Já o menor nível de perdas, embora ainda duras, foi registrado nos segmentos de moda lar (23%) e moda íntima (25%). O ranqueamento exemplifica como os brasileiros perceberam suas necessidades.
— Produtos de moda são considerados não essenciais e, num momento onde o poder de compra do consumidor ficou comprometido e este passou por momentos de maior vulnerabilidade e incertezas, a queda nas vendas é natural. Também a migração de postos de trabalho para o modelo de Home Office/teletrabalho apresenta uma exigência menor na aquisição de produtos de moda — avalia Anny Santos.
Produtos e serviços de moda não serem vistos como essenciais é um desafio apontado por 25% dos respondentes da pesquisa. Eles elencam ainda como suas dificuldades: capital de giro (50%), planejamento de compras e giro de estoques (27%) e os controles financeiros pós-pandemia (23%).
Metade dos empresários da cadeia produtiva da moda buscaram empréstimos desde o início da pandemia, mas a exemplo do que ocorreu em outros segmentos da economia, a minoria deles (24%) teve o pedido de crédito aprovado pelas instituições financeiras. De acordo com os empresários, o CPF negativado (12%) e o registro negativo no Cadin/Serasa (5%) foram as principais alegações apresentadas pelas instituições financeiras para a rejeição dos empréstimos.
Auxílio: Caixa deposita parcela extra a 1,6 milhão de beneficiários; Confira os próximos pagamentos
Diante deste cenário, a grande maioria dos empreendedores reduziu o volume de compras ou desistiu de adquirir novas coleções para a próxima temporada. Do total, 20% não compraram e 39% reduziram o volume de compras acima de 30%.
Estratégias para superar as dificuldades
De acordo com a pesquisa, o investimento nas plataformas digitais (50%) e no delivery (20%) foram as principais estratégias adotadas pelas empresas da moda para reduzir as perdas de faturamento. Os entrevistados também contaram que, nos próximos seis meses, as principais estratégias que eles pretendem implementar são: ampliar as ações de vendas digitais (44%), rever a gestão dos estoques (21%), adequar a empresa aos protocolos (20%), investir em mudar o visual da loja (16%) e mudar a gestão do negócios (12%). Veja dez dicas abaixo.
– Provoque oferecer uma experiência de conforto e segurança no seu ponto de venda físico. Isto é, seguindo os protocolos de segurança e higiene, que o Sebrae compartilha no seu site inclusive. Também é interessante adaptar a loja ao autosserviço, ou seja, deixar que o cliente faça sua jornada de compra com mais independência e tendo menos contato com outras pessoas.
– Continue investindo nos canais digitais. Voltar a operar a loja física não significa esquecer os canais de venda e de diálogos abertos na internet durante a pandemia.
– Invista em marketing de conteúdo, útil e funcional, para o cliente se manter conectado a sua marca, mesmo que não estejam comprando. Isso garante um bom relacionamento e, consequentemente, fidelização.
– Reveja a forma de oferecer seus produtos pensando na funcionalidade. Ou seja, mostre como uma peça pode ser multifuncional ou compôr vários looks, pois as pessoas querem gastar menos e estar mais confortáveis trabalhando de casa.
– Ofereça conveniência. O consumidor se acostumou com a entrega em casa, por delivery ou comprando no e-commerce, e drive-thru.
– Invista em ações de experiência na sua loja. Pode ser uma tag assinada agradecendo a compra no momento de pandemia, entregue na finalização do atendimento, por exemplo.
– Tenha materiais expostos na loja para comunicar todas as práticas de segurança que foram implantadas, no atendimento ou com fornecedores. Vale contar como é feita a higienização das peças ao chegarem na loja, por exemplo.
– Repense o estoque e o planejamento de compras do seu negócio. No estoque encalhado por conta de uma mudança de estação, por exemplo, é possível fazer novas combinações para continuar vendendo as peças com preço cheio. Também não compre novas peças nas quantidades habituais automaticamente. Analise antes o capital de giro disponível e as necessidades nas araras
.- Invista, dentro dos canais digitais, nas novas estratégias de venda. Live commerce, principalmente para quem vende para o varejo, é uma ótima forma de mostrar seus produtos e abrir também um canal de comunicação rápida. Os desfiles de moda também comunicam bem para os clientes finais.
– Implemente o social selling, que é permitir aos seus colaboradores a venda dos produtos não só no ponto de venda. Assim ele leva seus produtos para as redes sociais dele, cria cupons de desconto para seus clientes dentro do seu percentual.
Fonte: Yahoo